Perdemos a conta, mas muito tempo se
passou, muita água já rolou, e o leito, outrora enfeitado e perfumado por
nossos corpos, já não exibe as nossas marcas. As águas que agora passam,
trataram de apagá-las, impondo as suas, criando outras perspectivas. Mas,
apesar da brusca mudança, nada apagará da lembrança os feitos por nós
realizados. Então, cada um no seu canto, como por encanto, fechará os olhos e
logo se lembrará do encontro de nossas águas. Os nossos leitos estavam secos,
vazios, devido a estações ruins, porém, igualmente, como quando acontece o
encontro do rio com o mar, tudo se fez novo. A paisagem, que antes era sem
graça, ganhou vida, energia, força, fazendo-se perene a felicidade, como em uma
eterna primavera.
Ah, depois daquele dia, tudo foi encanto! Não havia lugar para a dor e, muito menos, para o pranto. Por quase três primaveras, seguimos exultantes pela nossa união, todavia somos frágeis, vulneráveis e fadados ao erro, consciente ou inconsciente. Assim, o que era encanto, felicidade, tornou-se desencanto, como em um piscar de olhos, o que era primavera rapidamente se tornou outono, e caímos feitos folhas secas (de tolerância, compreensão, paciência). Fomos separados pelo vento das circunstâncias, seguindo rumos opostos e, hoje, vivemos estações distintas, com variações perceptíveis àqueles que antes nos cercavam. Melhor assim, sem réplicas de ações passadas, sem esperanças vãs, apenas com a certeza de que tudo fora válido, que a vida segue, apesar dos acontecimentos.
Criado em: 19/01/2014 Autor:
Flavyann Di Flaff
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