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BALA COM BACO

 
No meio da noite, na rua sem calma,
uma bala voou, perdeu-se na palma.
Não era de chumbo, nem feita pra guerra,
era doce, era festa, era paz sobre a seca terra.
 
Baco brindava, taça erguida no ar,
vinho escorria, pronto a celebrar.
Entre goles e risos, sibilou num estalo,
o som do balacobaco — um festivo abalo!
 
Gente girando, forrozando no batido chão,
entre pés descalços, poeira e o som do baião.
O prazer era rei, reinava pleno e sem dor,
no império do milho, do riso e do amor.
 
E, ali, nessa dança de gosto e desejo,
a euforia beijava a vida em lampejo.
Com Baco no brinde e o caos no compasso,
a noite se fez em prazer sem embaraço.
 
Criado em: 2/7/2025 Autor: Flavyann Di Flaff

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