No
tempo da nossa infância, acho que a Maldade nem era nascida, assim pensávamos.
Porque houve um tempo em que ela sentia vergonha de se mostrar ao mundo e, por
isso, travestia-se de travessura – coisa de criança arredia – pensávamos. Por
esse motivo, fingíamos não percebê-la, de tão comum que parecia.
Vivíamos
sem sobressaltos em relação a ela, e quando, mesmo de forma repentina, a danada
aparecia, a gente nem se assustava. Parecia até brincadeira, pois, entre maldade
ou travessura, preferíamos os doces. Nessa época, confundíamo-las com Cosme e
Damião, de tão parecidas que eram, a Maldade e a Travessura.
Contudo,
passado o tempo, ela cresceu e ficou espevitada. Perdeu a vergonha e, sem a
cara pintada, foi expor-se com sua verdadeira face. Feriu os seus queridos e
sangrou os desconhecidos. Fez da brutalidade a sua marca. Distribuiu desgostos a
todos que encontrou.
Hoje, vive de tudo de ruim que plantou. Feita a fama, deita na cama e só levanta para praticar judiação. Porém, chegará o dia em que a Maldade será julgada com severidade, e o júri popular a condenará ao ostracismo e à clausura, longe dos corações puros e dos convertidos em pedra.
Criado
em: 08/05/2022 Autor:
Flavyann Di Flaff
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