Se eu soubesse, quando da minha meninice,
que se enamorar por alguém era “um calafrio doce, um susto sem perigos”, jamais
fugiria como fugia quando lhe via. Permaneceria estático na sua reta, tentando
alcançar a meta, que era conquistar você. Mas como eu, Lia, de Rosa nada sabia,
pois benquerer é coisa subjetiva, não percebi que, um afeto por mim, ela
nutria. Assim, ao saber primeiro, silenciosamente, você sumiu da minha vista, e
desde então, tornei-me um deserdado nas veredas da vida afetiva, enredado pelas
tramas do coração. Vivendo como uma sombra, que seguindo quem lhe serve de guia, nunca conseguirá alcançá-lo de verdade.
Amargurado, tendo a solidão por companheira, vivendo de seu favor, por ela fui homiziado. Mendigando-lhe consolo, mesmo estando junto comigo, só consegui silêncio e indiferença, sentindo-me o mais completo tolo. Por tudo isso, dentro desse meu coração bestializado pela desgraça repentina, já não há mais espaço sobrando para sentimento largo. Parco e frio é o que agora lhe habita; em se abrir novamente, não mais se habilita. Assim, sentindo-se vencido pela impotência, fez-se indiferente à própria existência e pôs-se a cumprir a sua sina.
Criado em:
01/12/2021 Autor: Flavyann Di Flaff
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