Pular para o conteúdo principal

TRISTIS FATUM

 

Se eu soubesse, quando da minha meninice, que se enamorar por alguém era “um calafrio doce, um susto sem perigos”, jamais fugiria como fugia quando lhe via. Permaneceria estático na sua reta, tentando alcançar a meta, que era conquistar você. Mas como eu, Lia, de Rosa nada sabia, pois benquerer é coisa subjetiva, não percebi que, um afeto por mim, ela nutria. Assim, ao saber primeiro, silenciosamente, você sumiu da minha vista, e desde então, tornei-me um deserdado nas veredas da vida afetiva, enredado pelas tramas do coração. Vivendo como uma sombra, que seguindo quem lhe serve de guia, nunca conseguirá alcançá-lo de verdade.

Amargurado, tendo a solidão por companheira, vivendo de seu favor, por ela fui homiziado. Mendigando-lhe consolo, mesmo estando junto comigo, só consegui silêncio e indiferença, sentindo-me o mais completo tolo. Por tudo isso, dentro desse meu coração bestializado pela desgraça repentina, já não há mais espaço sobrando para sentimento largo. Parco e frio é o que agora lhe habita; em se abrir novamente, não mais se habilita. Assim, sentindo-se vencido pela impotência, fez-se indiferente à própria existência e pôs-se a cumprir a sua sina.

Criado em: 01/12/2021 Autor: Flavyann Di Flaff

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DAS BASES

  Como em um círculo vicioso, neste país, em todo sufrágio, percebemos, de forma descarada, a atuante presença do mirífico corporativismo das necessidades individuais. Elas subjugam, subvertem e relegam a utilidade coletiva das instituições a meros vínculos empregatícios, como nos tempos de outrora. Criado em : 06/10/2019 Autor : Flavyann Di Flaff

TOLICE

  Um dia, customizaram Deus, e conhecemos uma divindade submissa aos muitos e distintos caprichos de cada um dos seres humanos. Em seguida, customizaram a razão, e criaram o que não existia em seus pressupostos: a unanimidade. Então, ao defini-la, Nelson Rodrigues bem traduziu toda essa adaptação.   Criado em : 24/06/2021 Autor: Flavyann Di Flaff

O MUNDO PERFEITO

  O mundo tá em franca decadência! Tem religioso, celerado enrustido, prescrevendo penitência a quem se confessa invertido.   Tem conservador progressista e progressista conservador. Corolário de um teatro congressista pra engabelar o incauto eleitor.   Segue o bonde sem freio desse mundo ilusório. O que é determinado pelo meio é certamente provisório.   Vende o pão assado no forno, que há pouco ardia, o cidadão, pelo capitalismo, alienado, pra obter o seu pão de cada dia.   O mundo tá perdido! Tem legalista contraventor e contraventor legalista. Assim, o cidadão é iludido até onde alcança a vista.   Esse é o mundo perfeito para qualquer salvador que pretende ser eleito. Um mundo repleto de discursos “olho por olho, dente por dente”, que atendem a externos impulsos por uma igualdade aparente.   Criado em : 05/02/2024 Autor : Flavyann Di Flaff