No tabuleiro do jogo político, temos que
ver atentamente os movimentos feitos pelos respectivos jogadores. Não só ouvir,
mas também decifrar o que está nas entrelinhas dos discursos proferidos por
eles.
A tabela é feita pelas forças políticas hegemônicas
e apoiada por inúmeras outras instituições ilibadas da sociedade. A final já
fora há muito planejada, toda a mediação foi feita para que apenas aqueles dois
a disputassem. Tornando os demais em coadjuvantes nessa disputa – meros enchimentos
do sistema democrático eleitoral.
Nessa disputa, não há derrotados, o que
existe são pessoas que se candidataram a um posto mais elevado e não obtiveram
êxito, porém continuarão dentro do jogo, exercendo as mesmas funções ou em
cargos administrativos dentro de uma nova gestão.
Para os diretamente envolvidos, essa
peleja é só mais um espetáculo e como tal merece toda pompa e circunstância. Caras
e bocas, trocas de farpas, simulacro de uma DR (com as perguntas do tipo “o
povo quer saber”), tudo isso devidamente ensaiado em comum acordo. É nesse
nível em que ocorre todo o processo eleitoral.
Não nos esqueçamos daquela hora do intervalo (ou recreio?),
na ocasião do impeachment, quando as câmeras mostraram a cena emblemática em
que a futura ex-presidenta aparecia alegre ao lado do vice, o futuro presidente
deste país, e do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). A leitura dessa
cena é a de que, na política, só há adversários e não, inimigos, como muitos
querem que o povo creia, como se existisse inimizade no teatro do absurdo que é a nossa política. Uma
falsa crença que implantaram e influencia negativamente a vida de todos que vivem na
periferia desse jogo político. Fazendo-nos ter comportamentos belicosos para com os nossos semelhantes, em uma guerra que só favorece aos que a incutem e nunca,
aos que começam essa contenda.
Ontem, assistindo à entrevista do atual Ministro-chefe
da Casa Civil, ouvindo atentamente a sua fala, certifiquei-me de que a política
é um balcão de negócios e que não há espaço para amadores nela. O Ministro
transitou por várias e distintas gestões, antes de assumir o protagonismo nesta,
mostrando, para quem sabe ver, que o mais importante é saber jogar e não com ou contra quem
se joga. Rusgas e afins são deixadas para as cenas do próximo capítulo
produzido pelas indústrias do infotenimento.
Diante do pouco que vejo, posso dizer, infelizmente,
que somos massa de manobra dos grupos políticos hegemônicos. Através dos
discursos deles, teimamos em crer numa esperança de uma vida melhor, mais fácil e
farta. Ledo engano que insistimos em não reconhecer, porque aqueles nos dão
migalhas assistencialistas que saciam, de forma paliativa, as nossas prementes
necessidades, anestesiando-nos momentaneamente da realidade.
Pelo visto, continuaremos seguindo velhas fórmulas, uma vez que nos tornamos incapazes de identificá-las sob o manto de novas denominações.
Criado em:
20/03/2022 Autor: Flavyann Di Flaff
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