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PROVÍNCIA

Na minha cidade natal,
quando exerce a sua governança,
o rei até parece criança
de uma cidade provincial.
 
É só olhar a praça,
que logo se vê a mudança.
Ontem, os canteiros verde-esperança;
Hoje, azul e branco, cor da Graça.
 
Às calçadinhas novas, não resisti.
Aquelas por onde andei,
já não são como as que hoje vi.
As suas antigas pedras na lembrança guardei.
Elas já foram brasileiras;
Hoje, eu sei, são portuguesas.
 
Na minha cidade natal,
quando exerce a sua governança,
o rei até parece criança
de uma cidade provincial.
 
A cidade fica toda faceira,
quando está inteira maquiada.
Tem obra no centro e na feira,
com muitas outras licitadas.
 
Em um ritmo frenético, acelerado,
segue aquela o passo municipal,
tal qual martelo agalopado.
 
O esquecimento é o mal
que toma conta da cabeça do povo.
Quem antes errou, é rei de novo.
 
Na pressa de mostrar serviço,
mete-se os pés pelas mãos,
faz-se de tudo um pouco,
ficando tudo por dar conclusão.
 
O poder é um vício.
Quem provou, por ele ficou louco.
Por isso, a cada quatro anos é um bulício,
para um povo que já não sofre pouco.
 
Assim é na minha cidade natal,
quando exerce a sua governança
o rei local, parecendo criança
de uma cidade provincial.
 
Criado em:
16/03/2022 Autor: Flavyann Di Flaff

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