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DESEPERO

Neste mundo globalizado,
só semeiam a dor e a destruição.
Distribuem soluções em cápsulas,
que não passam de paliativos,
já que nada curam.
 
Manhã, tarde e noite,
sinfonia de gritos,
num desconserto institucionalizado
– fundo musical insólito
de um caos generalizado.
 
É o Mal travestido de fatalidade,
fruto do culto à banalidade
– princípio normativo lógico
de um grupo social patológico.
 
Até gritarmos: Parem!
Para assim, podermos viajar no escuro,
sendo, um do outro, pajem;
Usando-nos, mutuamente, como escudo.
 
Nesse caos autoconstruído,
habitamos por conveniência.
Nesse inferno constituído,
eterno labor é a sobrevivência.
 
Mergulhados nesse mundo abissal,
os ouvidos se enchem de ruídos,
o corpo só do que faz mal.
A razão e a sabedoria – o bom senso – é destruído.
 
Como afogado
que, depois do mergulho,
da água sente pavor.
Sentimos um forte engulho
e emergimos com lavor
desse nosso mundo extraviado.
 
De volta à superfície,
o desespero é o Sumo Pontífice,
só quem dele tá próximo é convencido,
pois a distância torna o seu poder enfraquecido.
 
Se guerra é paz;
Amar ou não, tanto faz.
Esse é o lema dos senhores do mundo,
que nada têm a perder, se não o poder.
 
Quem nos salvará?
Essa é a questão.
Oxalá, surja um enviado!
Só não venha maquiado,
prometendo uma falsa redenção.
 
Criado em:
14/03/2022 Autor: Flavyann Di Flaff

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