Assim que desembarcou no mundo, ele
começou a dar voltas. A infância passou como um meteoro repleto de momentos
inesquecíveis, a adolescência fluiu como barquinho de papel carregado de
experiências significativas no agitado mar da vida. Seguiu girando, sob seus
pés, o mundo.
A maioridade chegou com o peso que a
gravidade lhe deu. Era como se todas as horas leves e agradáveis – suspiros doces
– tivessem permanecido na memória enquanto os instantes duros dela saíssem e se
materializassem em um grande fardo a ser levado jornada afora, com o agravante
de aumentar a cada década vindoura. Seguia girando, sob seus pés, o mundo.
A maturidade veio como jiló! Foi com um
sabor amargo que se fez presente. Desembrulhado sem uma expectativa sã, pois a
experiência de outros carnavais deixou marcas profundas. Parecendo brinquedo
quebrado produzido em escala industrial e que passou despercebido pelo controle
de qualidade, precisando, agora, de um recall que em nada muda, só causa
a falsa impressão de que melhorou o aspecto, assim foi a maturidade.
Seguia, sob seus pés, girando o mundo, só que de forma mais lenta. Nesse instante, pensou em aproveitar a oportunidade e descer dele, mas ao abrir a porta, viu que onde antes desembarcara, já não era mais o mesmo local. Mudou tudo. Mudaram as coisas, as ruas, as pessoas. Nada mais pôde reconhecer. Então, entristecido, fechou a porta e voltou para viver as voltas que ainda o mundo lhe concederia.
Criado em:
08/10/2021 Autor: Flavyann Di Flaff
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