No início, nada tínhamos em comum. Falar a
verdade, nenhuma convivência existia entre nós. Éramos dois estranhos a vagar
pela estrada da vida, quando quis o destino que nos encontrássemos em uma
dessas esquinas do caminho. Desde então, algo bom e quase indissolúvel começou
a nos habitar.
À medida em que o tempo passava, ficávamos
cada vez mais conhecedores um do outro, a ponto de nos tornamos namorados. A
partir daí, quantos momentos bons tivemos. Claro que ocorriam tempos de
instabilidade na relação, porém isso é coisa comum entre casais. Em seguida, já
relaxados, tudo voltava à doce rotina de apaixonados.
Só que, um dia, chegaste com um ar
diferente, logo pressenti que algo ruim aconteceria. Mais adiante, tive a
certeza! Sem muitos rodeios e sem hesitar, disseste-me que pretendias “dar um
tempo”, discordei, relutei, mas, mesmo inconformado, tive que aceitar. Diante da
tua impassibilidade, percebi que chegara o fim do que juntos construímos. Ele
veio assim, sem avisar, sem dar sinais prévios e de uma forma tão inesperada.
A minha consciência de nada me acusava,
pelo contrário, continuava inconformada com tal desfecho. Ah, por que uma
aparente frieza sempre transparece no rosto de quem põe fim em uma relação? E
por que a outra parte nunca tem chance de expor seu ponto de vista acerca da
atitude do outro? Penso que, até hoje, ninguém sabe explicar tais questões.
Apenas se sabe que é preciso tempo, distância e muita força de vontade para
superar uma separação.
O que me dói não foi tanto saber que a perdi, mas, sim, a forma como ela anunciou o término de tudo. Expondo o fim nas entrelinhas de um “dar um tempo”, em vez de ter sido bem direta, dizendo um franco "vamos terminar". Porque o “vamos dar um tempo” nada mais é, se não um mero pretexto deslavado para deixar o outro a sós consigo mesmo, amargando, assim, momentos insuportáveis de solidão.
Criado em: 06/06/2003 Autor: Flavyann
Di Flaff
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