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DO CARNAVAL QUE FIZESTE COM A NOSSA RELAÇÃO

No meu período momesco não teve alegria, pegação, orgia, mas teve gente mascarada, sacana, irônica, cínica e sem o mínimo de pudor no relato saudoso de suas antigas folias. Como também, não teve quarta-feira, contudo tudo terminou em cinzas, como manda o figurino.

Penso, quando no baile da fantasia que me mostraste e fizeste crer, se o teu beijo foi quente pelo desejo que, verdadeiramente, me tinhas ou se foi pela imensa frieza com que me trataste o tempo todo, uma vez que é fato científico gelo queimar.

Não perdias a oportunidade de reviver, em palavras, os teus velhos carnavais. Ressabiado, ouvia, em detalhes, as tuas fantasias, sempre com ênfase contrária ao que dizias, porquanto era nas orgias que os teus relatos se prendiam. Nunca revivi os meus, visto que jamais falei o que demonstravas não querer ouvir.

Por fim, passados, não três dias, todavia meses de fantasias, o baile de máscaras terminou, e expondo a tua verdadeira face, que era a de não mais me desejares, assumiste o fim que já determinaras há tempos para nós dois. Enquanto ouvia a declaração do fim, tirei a máscara de quem a tudo não percebia, no entanto, na verdade, há muito já vinha pressentindo. Então, findada a nossa relação, seguiste para mais uma folia, visto que o que gostas não é da alegria em estar ao lado de uma boa companhia, desfrutando, com reciprocidade, a tudo que ela pode oferecer. Entretanto, é desta oportunidade que essa carnavalização te proporciona, a de assumir o que não demonstras ser, já que o que gostas mesmo é da liberdade de se fazer orgias. Assim, recolho-me durante a quaresma, rezando para acabar esta via crucis e reviver o encanto que é o iniciar de uma nova relação.

Criado em: 21/02/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

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