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FALÁCIA DO MENOR MAL

 
Entre as ruínas do voto,
um eco sussurra:
“Escolha o menor mal,
o menos sujo, o mais brando.”
Mas, no fundo, sabemos
que o mal é um só,
disfarçado de várias caras,
vestindo trajes de esperança.
 
O menor mal?
Ilusão cortante,
faca que corta sem cortar,
afasta sem afastar.
No espelho,
nada muda,
apenas o reflexo
de um jogo sujo
entre as velhas oligarquias.
 
Entre os gritos,
a apatia floresce:
“Pelo menos, não é o pior.”
E nos enredamos,
como peixes sem água,
no jogo do menor mal.
Mas o mal,
ah, o mal é grande demais
para se esconder em comparações!
 
Somos todos vítimas
de uma eleição que não controlamos,
escravos de uma escolha
que não fazemos
por nossa própria decisão,
mas pelas mãos de um sistema
que vende promessas
como quem vende ilusões.
 
E o menor mal?
É só um espelho quebrado
em que cada pedaço reflete
uma mentira que repetimos,
que acreditamos ser nossa verdade.
Mas o mal nunca é pequeno,
quando o nome dele é silêncio
e o preço pago é o bem coletivo.
 
Criado em: 24/9/2025 Autor: Flavyann Di Flaff

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