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CLIENTELISMO

 
Uma vez disseram
que votar não é um favor,
nem é troca por esmola:
É poder que o povo tem
de mudar quem lhe controla.
 
Mas de que adianta a mudança,
se quem assume, repete a lambança,
desfazendo o que o outro não fez,
afundando o país mais uma vez.
Mostrando que o jogo continua o mesmo,
só as regras são mudadas com traquejo,
e o povo, entre sobreviver e se impor,
vira peça descartável de um jogo sem pudor.
 
Encantado por falsas promessas,
hipnotizado por propagandas,
o povo esquece que a liberdade
não se compra com demandas.
Sem consciência, o voto é grilhão,
que prende a própria nação
a um eterno estado de sobrevivência,
no qual se despreza a realidade ao redor
em busca da própria subsistência.
 
Quando a necessidade fala,
a consciência se cala,
e a fome, com voz de comando,
dita em quem se está votando,
já que o prato vazio pesa mais
que a ideia de um país eficaz.
Então, o candidato investe em nova promessa,
e, assim, o círculo vicioso recomeça.
 
Criado em: 29/6/2025 Autor: Flavyann Di Flaff

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