As
vozes estão carregadas de ruídos, perderam a naturalidade presente ao nascer.
Transformaram-se em pura tagarelice mundana, polifonia de abstrações coletivas
(ou de coletivos?) – ruídos falaciosos de uma luta em prol do bem-estar de todos.
Parece que estamos em um outro planeta, longe do aqui e agora.
Talvez ainda exista outra forma de voltarmos a ouvir um ao outro, de ouvir sem permitir aqueles ruídos entre nós. Só, então, nesse instante, poderemos apenas escutar, “tal como uma pessoa ouve o som da água a correr nas colinas, ou um trinado de flauta na floresta, ou alguém a tocar guitarra”. Num sublime resgaste do contato, da proximidade, reunindo, comungando, sem julgamentos ou condenações, somente no desfrute desse breve retorno à inocência outrora vilipendiada por avaliações, critérios e pela submissão a “conhecimentos” de obscuros especialistas que tanto nos induzem à prática de vis comparações existenciais.
Criado em: 30/10/2023 Autor: Flavyann Di Flaff
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