Houve um tempo em que era visível a guerra
entre a natureza humana e o espírito. Nessas batalhas, não se distinguia
vencido ou vencedor, mas era sabido que existia refém – um ser que sempre era
seduzido e convencido a participar de escaramuças contra o espírito.
No início, pensava ser real aquela
relação, assim agia com afinco na tentativa vã de ser reconhecido como o ser amado.
Mal sabia que aquele comportamento passional alheio nada tinha de verdadeiro,
era só uma ação belicosa de alguém que se encontrava em conflito consigo mesmo
e, por isso, em detrimento de outrem, só pensava no seu êxito, no seu
bem-estar.
O tempo seguiu, a guerra prosseguiu e nada
mudou. Ainda como refém, permaneceu em redor, sem ter a devida noção do que
acontecia de fato até ali. A natureza humana permanecia tendo o controle nas
batalhas, apesar do espírito dar sinais de resistência e, às vezes, de ser
possível mudar a situação. Quando isso ocorria, os vícios, em suas mais
diversas modalidades, cessavam, e as tentações idem. Tudo parecia insinuar uma
trégua, ou melhor, um acordo, como se naquele ser o equilíbrio fosse fácil existir.
Em meados daquele ano, batalhas épicas
foram travadas e, finalmente, a natureza humana fora destituída do controle
daquele ser. O outrora refém, nesse ínterim, acuado pelas evidências,
apartou-se do campo de batalha para não ser mutilado na parte que mais lhe
doía, o coração. De longe, acompanhou, no que foi possível, o transcorrer do
conflito, até ser oficializada a vitória do espírito. Desde então, mantém-se
distante, pois o vencedor não se alimenta do que é palpável e nem do que vem da
carne.
Por entender que na vida o equilíbrio se faz da alternância entre as forças, vela por um novo ciclo de mudança no qual, novamente, possa ser lembrado e aceito como componente positivo daquilo que faz parte de um conjunto de coisas inerentes a toda criatura humana, o envolvimento a dois.
Criado em:
18/05/2014 Autor: Flavyann Di Flaff
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