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AINDA PRISIONEIRO

A barca do inferno foi mais democrática do que a nau sombria daquela que fez impotente o meu ser diante do desfecho dado por ela, levando consigo os despojos do sentimento que, em mim, com seu feitiço de Loreley, despertou.

Singra os mares nunca dantes navegados a sombria embarcação! Mares das incertezas repletos de perigos infindos. Até este momento, no cais, o vento me traz as palavras dúbias daquela sedução. Tortura-me saber que permiti ser levado por tão conhecidas palavras. De tão confuso, começo a me questionar se não foi a minha natureza, falha e fraca, que se deixou trair, traindo-me.

Como quebrar esse encanto, se ainda a vejo, mesmo inexpressiva, em minha frente. Se ainda escuto suas frases torpes a alimentar o meu fraco e carente coração. Talvez tê-la, até agora, ao meu lado, como um espírito agourento a arrastar as correntes dos erros a mim atribuídos, esteja a atormentar a minha consciência. Só para me lembrar de que não fui liberto e cumpro, ainda, uma pena em regime semiaberto.

Criado em: 27/01/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

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