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MARIZEUS


Da menina que conheço,
os mares, PAI, sentem inveja!
Não por ela, que, como eles, ciente do poder
que detém, flui ininterrupta e absoluta
por entre os obstáculos naturais.
Nem por sua beleza aparente ou,
tão pouco, pelos infindos mistérios
que guarda em suas profundezas abissais.
Mas por deter-se e reter o que desejar
de onde quiser, para, só depois, seguir
fluindo ao seu bel-prazer, sem rumo determinado.
É isso que lhes causa inveja! Já que os mares
não possuem o livre arbítrio, posto que
seguem, cegamente, a lei natural da fluidez
estanque do bastar-se a si mesmo.
 
Criado em: 21/12/2019 Autor: Flavyann Di Flaff


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