O abigobal do papagaio da minha vizinha, de uns tempos para
cá, tem repetido umas palavras que ouviu não sei onde, sobre não sei o quê e de
não sei quem. Coisa mais natural para um papagaio ─ animal irracional que é ─ repetir
o que ouve sem discernir.
Mal raia o dia, lá está ele em seu poleiro enfeitado por
ícones tecno-ideológicos da modernidade, a repetir aquelas palavras com a mesma
convicção só encontrada nos seres humanos, quando estes estão a proferir
impropérios a outrem.
Até o presente momento, a cena é a mesma. Eu, nordestino
que sou, penso que já virou ladainha sem futuro. Já os outros, autodizentes
estudiosos da metafísica transcendental do comportamento
antropo-sócio-filosófico-cultural do ser humano alheio, afirmam ser um mantra
salutar, já que estimula a melhoria do estado físico-material daqueles que se
deixam preencher por sua energia pura, honesta e verdadeira. Como sou leigo
naquela ciência, melhor não adentrar nesta seara tão obscura e nada mais dizer,
nem mesmo para o papagaio da minha vizinha, sob pena de ver o que disse,
repetido e jogado contra mim.
Criando em: 20/03/2016 Autor: Flavyann Di Flaff
Comentários
Postar um comentário