Das estações vividas, das
frutas saboreadas, nenhum saudosismo ou ranço ficou. Só não sei dizer sobre
aquela fruta que ficou no pé, provocando, insinuando-se, mostrando-se bela,
cheirosa, de pele macia e brilhante. Não que o desejo de tê-la e prová-la, não
tenha surgido, longe de aderir à hipocrisia cotidiana de todos os mortais.
Apesar dos contratempos, aquele veio e vingou forte, resistindo a tudo com
bravura, mas, aí, chegam de mansinho as obrigações sociais, que tanto nos são
necessárias para que tenhamos um porto seguro e, a partir dele, possamos
navegar por mares nunca dantes navegados, com a confiança necessária para nunca
nos arrependermos das viagens – experiências de vida – com a certeza de
podermos regressar e renovarmos as forças. Porém, aquelas nos absorvem por um
tempo, que julgávamos infinito, só que, na verdade, ele é escasso e essa
constatação perturba nossa mente, a ponto de, muitas vezes, inconscientes,
deixarmos de lado o que tanto nos fazia bem, dando-nos a certeza de que
estávamos vivos plenamente. Nesse momento, não sei se é o desespero ou a
angústia que nos toma, evidenciando a nossa negligência, não só para conosco, mas
também para com o outro, que tanto demonstrava nos corresponder.
Quando o tempo passa e a ausência teima em ser uma companheira fiel, ficamos perturbados, mil pensamentos insanos surgem. A mente ferve, o coração se aperta, é como se não víssemos uma luz no fim desse túnel, escuro e frio. É a expressão clara do já era, do que não tem mais volta, do já é o fim. Resta-nos, agora, apelarmos às forças espirituais para que elas, com sua onipresença e onipotência, possam mudar o rumo nebuloso que já se apresenta para nós.
Criado em:
08/02/2014 Autor: Flavyann Di Flaff
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