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FLUXO EXISTENCIAL

  Quando a voz falhar, lhe entregarei uma flor, lhe abraçarei bem devagar para lhe mostrar o que interdito ficou.   Quando as pernas começarem a fraquejar, pedirei ao vento que leve até você notícias minhas para guardar e nunca mais esquecer.   Quando o coração hesitar, lembrarei o que fomos, não como motivo para chorar, mas para ver o quanto volúvel somos.   E a vida é isto: Eterno fluxo de mudança, num sobe e desce infinito.   Criado em : 14/12/2025 Autor : Flavyann Di Flaff
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PARADOXO

  Prometeram asas ao tempo e nos deram poltronas. Tudo ao alcance do toque, nada ao alcance da ação.   O esforço virou perda de energia, o agora venceu o viver o processo. Há prazer em adiar o passo, quando o caminho se faz longo e solitário.   Máquinas lembram, pensam, fazem, enquanto o sujeito espera. Quanto menos se exige de nós, menos de nós permanece.   Assim, a tecnologia avança, sob o lema praticidade e comodidade, como progresso imóvel: quanto mais fácil o mundo, mais difícil é tomar iniciativas.   Criado em : 13/12/2025 Autor : Flavyann Di Flaff

[RE]NOMEAR

  Quando uma palavra muda, anistia vira dosimetria, o chão do Direito treme, e o que era firme se desfaz. É então que vemos a luta feroz pelo poder de renomear o mundo, pois quem dita o nome, erige o regime da verdade.   Foucault revela o discurso que domina; Bourdieu, a violência suave do símbolo; Derrida, o sentido sempre em fuga. Assim, cada termo deslocado reinscreve o real em nova ordem: um simples gesto de linguagem que desfaz e refaz fronteiras no silêncio profundo do poder.   Criado em : 11/12/2025 Autor : Flavyann Di Flaff

DESPERTO

  Vestiram-me de fraco, eu, fragilizado, aceitei. Vestiram-me de miserável, eu, necessitado, aceitei. Vestiram-me de militante, eu, ignorante, aceitei. Vestiram-me de religioso, eu, descrente, aceitei. Vestiram-me de incapaz, eu, impotente, aceitei. Por muito tempo, manipularam-me, eu, sem conhecimento, permiti. Hoje, estou refeito! Abri os olhos e a mente, de tudo ao meu redor, tomei ciência. Agora, sigo o caminho que escolhi, à distância da multidão sempre!   Criado em : 10/12/2025 Autor : Flavyann Di Flaff

PAR PERFEITO

  Descobri a existência da liberdade por mero acaso, quando vi, pendurada em um alpendre, uma gaiola com a porta aberta, porém, permanecia dentro dela, um belo e cantante passarinho. De início, nada entendi, porque a liberdade estava posta, e a ave não a desfrutava. Até que, refletindo mais um pouco, entendi que só se desfruta da liberdade, quando se tem autonomia, porque, sem esta, aquela vira alienação. Então, compreendi que o passarinho, por passar tanto tempo cativo, perdeu a sua capacidade de viver de forma plena, tornando-se dependente do que lhe era oferecido facilmente, o que podou suas asas e fez cessar o vento que as sustentava. Criado em : 9/12/2025 Autor : Flavyann Di Flaff

SUPREMACIA DA RAZÃO

Discussão é uma conversa que desagua em divergências extremas. Não há diálogo, porque não se deseja mudar de opinião. Só existe a presença da disputa, pira acesa da competição interpessoal, desafio de prevalência do ego, em que o vencedor leva o prêmio tão almejado de supremacia da razão.   Criado em : 8/12/2025 Autor : Flavyann Di Flaff

FAIXA POPULAR

  Houve um tempo em que a faixa de areia das praias era de domínio público, pois não existia ainda a coerção hegemônica da privatização desse ambiente natural. Naquele trecho, entre as habitações e o mar, desfilava toda a diversidade presente em uma sociedade que exalava humanidade. Naquele tempo, era a classe menos favorecida, que, em maioria, frequentava aquele território livre, enquanto a mais abastarda se enclausurava nos clubes sociais, com seus salões e piscinas, ambientes estilizados e elitizados. O mar lavava a alma do povo simples, aliviando-a do fardo da sobrevivência diária. Nesse evento de purificação, ajuntavam-se o povo citadino e o interiorano, em um momento de pura harmonia e diversão. Enquanto o segundo vinha de ônibus fretado, com almoço pronto nas panelas guardado e a alegria exposta ao sol, o primeiro, por ter mais familiaridade, parecia não ter mais encanto por aquele belo lugar. O povo interiorano, ao ficar diante do mar, parecia reverenciá-lo. Via-se is...